
Princípios que norteiam as linhas de pesquisa
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Temos como interesse a expansão da compreensão dos processos organizativos por meio do diálogo inter e transdisciplinar de áreas do conhecimento como a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia e a Educação. Atualmente faz-se necessário a ampliação do lócus de estudos e a ocorrência de determinados fenômenos em outros espaços socialmente organizados. Além do lugar, conhecer e reconhecer os atores que interagem com e nessas organizações, em distintos contextos de exclusão e de desigualdades sociais e econômicas, é outra reflexão pretendida por meio desta proposta.
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No sentido da ampliação que aqui se propõe, considerar a natureza das organizações enquanto processos organizativos é ir além da compreensão hegemônica de que a organização produtiva é o espaço único da ocorrência e constituição de saberes e do trabalho, pois consideramos os movimentos sociais; as organizações populares, sociais, públicas, e não governamentais; os coletivos étnico-raciais e de gênero; as redes físicas e virtuais, dentre outras, também como lugar de expressão. Desta forma, o conceito de produtividade está implicado com o incremento do capital, mas como gerador de melhores condições de vida e de transformação social.
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Abertura para novas temáticas, sem privilegiar uma abordagem teórica ou epistemológica específica, mas trazendo sempre um olhar questionador, adequado as diferentes problemáticas de pesquisa em andamento/propostas.
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Toda pesquisa é política e os pesquisadores são sujeitos sócio-históricos, resultado de uma genealogia, isto é, atores que instituem ações e são, ao mesmo tempo, instituídos de efeitos de ações anteriores.
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O mundo é materialmente heterogêneo, uma mistura do social, econômico, material, humano, "natural" e técnico. Precisamos de maneiras rigorosas de pensar e estudar esses processos heterogêneos.
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Estamos à procura de lacunas, aporias e realidades subalternas. Parte de nosso trabalho baseia-se em sensibilidades pós-coloniais para buscar espaços de conhecimento alternativos.
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Da natureza dos atores: os de diferentes pertencimentos territoriais (imigrantes, refugiados e expatriados), os de distintas urbanidades e ruralidades, os de distintas bandeiras étnico-raciais, de gênero e diversidade sexual, pertencimento religioso, cultural e de linguagens, revela-se uma forma de considerarmos, também, a lacuna política dos estudos desenvolvidos. De buscar dar visibilidade, crítica e espaços de manifestação dos atores coletivos que habitualmente são colocados em situação de invisibilidade nos estudos.
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Consideramos que as organizações e os atores possuem outras características e configurações do seu espaço e tempo histórico significa olhar para os fenômenos em estudo de uma forma mais ampla; é perceber que nas mudanças que a sociedade vem se constituindo, pelo “andarilhar dos sujeitos” e das organizações há um acontecer a todo tempo, num continuum de estabilidades e instabilidades. Tudo vai acontecendo: sujeitos transitam, configuram-se, constituem-se e constituem aos outros, às organizações e a si mesmos. Resistências - sucumbimentos, silenciamentos - gritos, visibilidade - ocultação, reprodução - resistência, conformação - inconformação, afirmações - inquietações, respostas - dúvidas... nas relações que são ao mesmo tempo (in)tensas, haja vista o caráter dinâmico e em movimento.
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Estamos preocupados com a performatividade do método. Procuramos, de diferentes maneiras, explorar o caráter dos métodos de pesquisa em diferentes domínios. O argumento é que os métodos tendem a produzir - embora muitas vezes de maneira não antecipada e contraditória - os mundos que eles afirmam estar descrevendo. Este é um espaço para debater os métodos e o social em um amplo fórum interdisciplinar.
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Como parte disso, exploramos criticamente e caracterizamos a diversidade dos espaços de conhecimento. Falamos de espaços de conhecimento como práticas que promulgam simultaneamente: instituições (produtores de conhecimento e sistemas de circulação); representações do mundo social; as realidades possivelmente variáveis promulgadas em conjunto com essas instituições e representações. Por fim, refletimos sobre como podemos contribuir para suprir uma lacuna metodológica e, principalmente, para as conexões entre o qualitativo e o quantitativo na busca de respostas às questões sobre a natureza da sociedade, da cultura e da economia.
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Para processos organizativos: organizações como realizações, que estão sempre no curso ativo de ações e resultam de processos relacionais, coletivos, precários e parciais, numa lógica que é própria e situada no contexto em que acontece, onde as pessoas e a materialidade estão engendradas em redes de relações, portanto é fundamentalmente um processo relacional. Desta maneira, também entendemos a relevância de discutir aspectos ontológicos e epistemológicos associados aos métodos empregados para desenvolver estudos neste campo.